Jordam B. Peterson... Provavelmente você já tenha ouvido falar desse psicólogo canadense. Ou pelo menos já tenha ouvido algo sobre a sua obra mais recente, o livro 12 Regras para a vida - Um antídoto para o caos.
Este é o seu segundo livro e o que mais ganhou fama, talvez pela sua simplicidade em abordar temas tão latentes na nossa sociedade. J. Peterson nos mostra, com uma linguagem clara e acessível, que as pessoas precisam de princípios ordenadores para suas vidas. Ele ressalta que ordem demais não é bom, mas o caos total pode ser ainda pior. Este livro serve como um guia, nos ajudando a tomar consciência do caos que nos cerca, para entender que é normal a existência de um pouco de caos em nossas vidas. É o equilíbrio entre ordem e o caos que devemos buscar para termos uma vida completa de sentido, e é para isso que cada uma das 12 regras servem.
Após a brevíssimo apresentação do livro, gostaria de trazer algumas reflexões sobre a regra que estou lendo agora.
3ª regra - Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você
Parece algo óbvio, sendo desnecessário qualquer reflexão. Mas então, o que levou o autor a dedicar um capítulo inteiro do livro para algo tão óbvio assim?
Mesmo isso sendo óbvio, frequentemente cometemos erro ao negligenciar os tipos de amizades que nutrimos. No livro, J. Peterson conta que ele vivia em uma cidade do pequena, estilo velho oeste, onde a ambição de todos os jovens era sair de lá para buscar melhores oportunidades. E foi isso que ele fez.
Assim que conseguiu ingressar em uma faculdade, há cerca de 150km de distância da sua cidade natal, ficou maravilhado com o mundo de possibilidades que ele havia descoberto. Em um certo momento do livro ele conta que convidou alguns de seus amigos de infância para conhecer a cidade onde ele estava morando. Ele pretendia incentivar os amigos a buscarem uma vida melhor fora daquela cidadezinha, que pouco tinha a lhes oferecer.
Porém seus amigos de infância ainda eram os mesmos (de fato). Mesmo depois de tantos anos continuavam repetindo as mesmas coisas, típicas de um adolescentes (beber, fazer festa e fumar maconha).
Em seguida ele conta que encontrou outros amigos da sua cidadezinha, agora já na faculdade onde ele estudava. E junto com esses amigos ele conseguiu explorar muitas das oportunidades que o mundo acadêmico tinha a oferecer.
Dentre as reflexões feitas pelo autor, uma me marcou bastante. Foi a percepção que ele teve do quão tóxico era o ambiente que ele frequentava e das amizades que ele nutria. Mesmo assim ele conseguiu dar um rumo melhor à sua vida. Mundo esse que seus amigos não conseguiram ter acesso devido a sua incapacidade em superar a fase da adolescência e aquele ambiente tóxico em que viviam.
PS.: Entenda "incapacidade em superar" levando em consideração todas as adversidades que a vida possa ter imposto aos amigos do J. Peterson. Não é, de maneira alguma, uma frase em tom de soberba, como só "os capazes" superam o ambiente.
Pessoas que queiram o melhor para você
Parece papo de auto-ajuda ou narcisismo puro. Mas hoje eu consigo lembrar de casos reais, onde eu vivenciei esse tipo de trama relatado pelo J. Peterson. Claro que salvaguardando as devidas proporções.
Um caso notório disso foi quando eu comecei a fazer o curso técnico de informática. Naquela época eu recém tinha completado 16 anos de idade e graças a iniciativa do meu pai, que prontamente me incentivou e se ofereceu para pagar, que então eu pude começar o curso.
Assim que iniciou as aulas, meados de 2005, me vi rodeado de pessoas de faixa etária completamente diferente das quais eu estava acostumado a conviver. Óbvio que eu era o mais novo da turma, já o "segundo mais novo(a)" deveria ter uns 22 ou 23 anos.
Ou seja, me vi em um ambiente onde eu tinha, na melhor das hipóteses, 6 anos a menos de experiência de vida, se comparado aos meus colegas. Isso nunca foi um problema pra mim, eu sempre via essa diferença como "vantagem". E também nunca tive grandes problemas em me enturmar, então logo eu estava convivendo com pessoas de perfis e histórias de vida completamente diferente da minha.
Até um certo momento esse grupo de amigos se manteve unido em um "grupão", e lá tinha de tudo. Tinha aqueles nerdzão, tinha aqueles que tinham dificuldades com o conteúdo, tinha os que não queriam nada com nada, e por ai vai.
Porém chegou um momento que foi marcante para mim. Foi quando começamos a ter a matéria de Banco de dados. Aquilo foi o auge do curso, foi naquele momento as matérias de algoritmo e programação começaram a fazer sentido na minha cabeça.
Foi nesse momento que o "grupão" começou a se desfazer. De uma forma extremamente tranquila, o grupo foi separando as pessoas que queriam estudar das que não queriam. E no final eu lembro que sobrou eu e mais um amigo, o Cristian Piero. A matéria acabou e começou outras mais relacionadas a programação, e a divisão do grupo continuava igual.
Algum tempo depois eu comecei a fazer estágio com manutenção de computadores. Já o Cristian conseguiu um estágio de programação com o professor do curso técnico.
Aqui poderia ter acontecido o óbvio, eu sigo uma carreira e o Cristian outra. Mas foi aqui que o capítulo do livro "bateu forte". Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você
Na volta das aulas de um dos recessos entre os módulos do curso, o Cristian me avisou que havia aberto uma vaga para estagiar com ele, com programação. Na hora fui falar com o professor que me aceitou.
Detalhe importante, o estágio não era remunerado. E eu ainda tinha o custo adicional de mais duas passagens. Pois eu ia de manhã para o centro de ônibus para fazer o estágio, voltava ao meio dia para casa, almoçava e ia pra escola (eu ainda estava cursando o ensino médio), e de noite voltava para centro para ter aula do técnico.
Lembro claramente da experiência que tive naquele estágio. Certamente foi longe de ser um ambiente ideal de aprendizado, mas foi lá eu comecei de fato a programar coisas para a "vida real". Também foi lá que aprendi a usar programas para editar/criar imagens e a programar para web, coisas que são úteis pra mim até hoje.
E os meus outros amigos do curso?
Continuávamos amigos, tomando cerveja e rindo. Porém hoje em dia (quase 19 anos depois) só tenho contato com o Cristian, que também seguiu na carreira de programação. Já os outros colegas não tive mais notícias, infelizmente.
Hoje refletindo sobre esse episódio específico do curso técnico, pude perceber que de fato, os meios que você frequenta, as amizades que você nutri vão interferir diretamente na sua vida, seja para o bem ou para o mal.
Então devemos desfazer as velhas amizades?
Não! De maneira alguma eu faria isso.
Mas inevitavelmente esses vínculos de amizades vão se enfraquecendo. Não por que o sentimento de amizade tenha deixado de existir, mas por que ambos vão estar vivendo em mundos diferentes.
Tenho muitos amigos que escolheram caminhos para as suas vidas que inviabilizaram o contato frequente. Seja por que foram morar em outras cidades ou por que o mundo que ele escolheu pra si é completamente diferente do que eu escolhi para mim.
Acredito que isso seja algo natural. Existem diversos caminhos e nem sempre os seus amigos de infância vão, seguir na mesma direção que você.
Agora, uma vez escolhido o caminho que você pretende trilhar, busque amizades que convirjam para o mesmo caminho. A ideia não é se fechar em uma bolha, mas buscar convivências que favoreçam o seu crescimento, assim como você também vai favorecer o crescimento do outro.
E ai, o que achou? Faz algum sentido essa reflexão?
Você leu esse capítulo do livro e não concordou com a conclusão que eu cheguei?
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