Faça eventos para reunir pessoas, não para falar de tecnologia

Como alguns já sabem, sábado dia 01/06/2019, tivemos o 3º PySM em Santa Maria/RS. E foi o evento que me motivou a escrever novamente no meu blog. Depois do evento e pós-evento, fiquei lembrando de algumas conversas que tive antes/durante/depois do evento que me marcaram muito. Vou tentar compartilhar alguns dos pontos que mais me marcaram.

1) Se você não tem dinheiro para ir nos eventos de Python, crie o seu!

Esse foi um dos motivos do PySM ter surgido (talvez o maior), eu queria participar dos eventos de Python, porém na minha cidade não tinha nada parecido. Foi em um certo dia, enquanto procurava me informar sobre eventos e novidades de Python nos grupos de usuários de Python do RS, o PyTchê, que vi a divulgação do evento PyPOA e fiquei muito animado. Era um evento de um dia e eu conseguiria encaixar minha ida para POA junto com a visita dos parentes.

Foi assim que tudo começou. Comentei na postagem que iria no evento e que gostaria de fazer um evento do Python na minha cidade. No instante seguinte aconteceu o seguinte diálogo:

PyPOA 2014 PyPOA 2014

Depois dessa primeira conversa começamos a organizar a primeira edição do PySM, em 2014. Agradeço todo o esforço de divulgação e ideias que os organizadores do PyPOA me deram para que eu, junto com o pessoal de Santa Maria, conseguíssemos tirar a ideia do papel.

Infelizmente achei poucas fotos do primeiro evento :(

No ano seguinte organizamos a 2ª edição do PySM. Foi muito legal rever os amigos que fiz na primeira edição, além de conhecer pessoas novas, das quais muitas eu mantenho contato até hoje.

Depois dos "vai e vem" da vida, acabei saindo de Santa Maria em 2016 e desde então não houve mais eventos de Python na cidade.

Ano passado, depois de participar do PyCaxias decidi retomar o evento de Python em Santa Maria. Mesmo morando longe, sempre mantive contato com amigos da cidade e com o pessoal da universidade, que sempre apoiaram nossas iniciativas. Logo comecei a "incomodar" o pessoal de Santa Maria, que foram se organizando e montando um "novo grupo de trabalho" e com o esforço de todo mundo, o evento finalmente saiu!

Acredito que foi graças a minha ida ao PyCaxias, revendo o pessoal que retomei a ideia de contatar o povo de Santa Maria para organizar a 3ª edição do PySM!

2) Crie eventos, não expectativas

Nunca esteve nos meus planos fazer um evento grandioso, para um grande público com altos requintes de imagens e som. O objeto sempre foi trazer o assunto para discussão, reunir amigos e proporcionar um espaço para quem está começando ter a possibilidade de adquirir conhecimento e compartilhar a suas experiências também.

Essa última edição foi uma correria do cão. Com pouco tempo para organizar o evento, conseguir palestrantes e público... mas tudo deu certo (se a sua expectativa não era alta).

Nos momentos finais do evento, e no pós-evento, perguntei ao pessoal o que acharam do evento e recebi muitos feedbacks positivos. E isso é muito gratificante, não pelo "reconhecimento", mas por saber que conseguimos proporcionar algo positivo para alguém.

Dentre as conversas de corredor/bar, fiquei sabendo que o PySM de 2014 motivou o pessoal de Caxias do Sul a criar um evento similar na sua cidade. O mesmo evento que futuramente, em 2018, me motivaria a resgatar o pessoal para voltarmos com o PySM.

É muito engraçado ver como pequenas atitudes podem ter um efeito tão grande.

3) Eventos que acolhem

Sei que é algo meio batido, mas é incrível ver o efeito benéfico que uma boa receptividade aos "recém chegados" faz! Nesse ano, convidei um amigo meu que trabalha com Java para ir no evento, e o feedback que recebi dele foi extremamente gratificante. Não que ele estivesse interessado no assunto técnico em si, ou que o evento tenha sido muito bem organizado, porém a convivência com as pessoas foi algo tão legal, que tenho certeza que ele saiu de lá com muitos amigos novos e boas histórias para contar.

Além de acolher o pessoal de outras áreas, também é importante acolher os que são novos no mundo Python. Nesse evento contamos com muitas palestras de pessoas que estão a pouco tempo trabalhando com Python. Para mim isso é incrível!

4) Ai meus 18

O fato mais curioso do evento (para mim e para muitos que estavam no pós-evento) foi o imprevisto que ocorreu com o último palestrante do dia. Conseguimos um palestrante com a empresa Meta, que estava muito interessada no público do evento, dado ao grande número de vagas em Python que precisam preencher.

No caminho à Santa Maria, na noite de sexta-feira, parei em um posto de gasolina e vi que o pessoal da Meta teve um problema de última hora com o palestrante já confirmado e divulgado no site do evento. Porém eles já haviam contornado o problema e providenciaram 2 programadores recém integrados a empresa. Pediram para que eles fossem ao evento falar sobre suas primeiras experiências com Python.

Eis que saem de Passo Fundo/RS uma gurizada nova de 18 anos, para dar a sua primeira palestra sobre sua "vasta experiência com Python", de aproximadamente 6 meses. Dado que eles foram avisado na sexta-feira que teriam que palestrar no sábado... Poderíamos esperar qualquer coisa para o encerramento do evento, exceto o que vimos lá no dia.

Para ajudar, devido a um engarrafamento, os dois palestrantes chegaram em Santa Maria muito próximo do horário da sua palestra e correram atrás de uma tomada para finalizar seus slides.

E então... Até que enfim chegou a hora da última palestra.

Além do nervosismo de estar encima de um palco para falar diante de algumas pessoas, era possível notar um "algo a mais" na cara daqueles dois.

Apresentaram rapidamente o material que tinha conseguido produzir, e sem muito mais o que acrescentar ficou aberto para as perguntas do público.

Então, o melhor do evento ocorreu...

Sem material para seguir apresentando, os dois foram expondo todas as suas dificuldades e sentimentos que estavam vivenciando nesses 6 meses de trabalho diário em um grande projeto da empresa Meta.

Os dramas de escrever um código e receber uma mensagem de erro em vermelho em uma telinha preta, ou a ansiedade de ficar travado no mesmo lugar do código e não conseguir identificar o problema.

Eu acredito que todos que estavam assistindo os dois falando, lembraram das suas primeiras experiências, dificuldades e reações típicas de quem está começando sua carreira como programador. Lembranças essas, que agora estavam sendo vividas por aqueles dois jovens, que trouxeram ao público tudo isso com a pureza de quem esta, no mesmo instante, constrangido por admitir suas falhas, porém super emocionados por estar vivenciando aquele processo de aprendizado e crescimento pessoal.

E assim encerrou o PySM 2019. Esse foi o resultado da organização do evento: Muita correria, desgaste e um enorme prazer em proporcionar/viver momentos como esse!

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